Por Adriana Guedes ( quem? eu mesma!)
psicóloga e neurocientista - apguedes@usp.br
Publicado no Jornal Hoje - Edição nº 5294- quarta-feira, 11 de março de 2009
Nem tudo nas ciências são louros, meu caro. Existe cada coisa no mundo científico que nos dá arrepio ou que podem causar boas gargalhadas. De médico e louco todo o mundo tem um pouco, disso ninguém duvida, mas que de louco todo cientista tem um pouco também não há de se duvidar.
Em 1962 ocorreu um experimento bizarro que acabou sendo título de um livro escrito por Alex Boese, Elephants on acid, onde o diretor do zoológico em Oklahoma Lincoln Park injetou uma dose absurdamente alta de LSD em elefantes Tusko. Como objetivo científico, alegou que fora injetado LSD nos elefantes a fim de descobrir se a droga possuía a capacidade de bloquear o efeito musth. O efeito musth é conhecido por tornar os elefantes agressivos em função de uma descarga glandular. O problema desse experimento é que injetaram uma dose 3 mil vezes maior do que a dose utilizada para fins recreativos. O que aconteceu com o elefante? Virou-se, soltou um berro e morreu em menos de uma hora. A experiência pode concluir com grande facilidade que os elefantes Tusko são muito sensíveis ao LSD. Em seu livro, Boese apresenta mais uma lista de 20 experimentos bizarros.
Em 2001, a Universidade de Iowa publicou estudo se desculpando pelos experimentos realizados por Wendell Johnson e sua estudante de graduação Mary Tudor. O experimento consistia em provar os efeitos da teoria da fala positiva. Nesse experimento, Wendell utilizou 22 crianças órfãs para testar a força da fala positiva no comportamento das crianças. Separando as crianças em grupo experimental e controle, Mary elogiou um grupo e depreciou o outro quanto à maneira de falar, dizendo que essas eram crianças gagas. O resultado do experimento é curiosamente alarmante, pois as crianças que receberam o tratamento negativo no experimento sofreram de efeitos psicológicos negativos, sendo que algumas delas apresentaram problemas de fala durante toda a vida.
A “News Scientist” é uma revista que traz esse tipo de matéria científica que vai do curioso ao bizarro, do útil ao inútil descoberto pela ciência. Uma das últimas matérias apresentadas nesse último dia 23 de fevereiro na qual relata que a investigadora Rochelle Buffenstein e alguns colegas da Universidade do Texas do centro de ciência da saúde em Santo Antônio extraíram tecidos vivos de toupeiras e ratos criando uma nova criatura um tanto assustadora.
Logicamente, a ética às vezes falta e isso é um grandioso problema. Mas como tudo tem os dois lados da moeda, é claro que também de experiências estranhas saem conclusões inusitadas que às vezes são úteis para a sociedade, nos causam arrepios ou às vezes nos fazem rir, é impossível deixar de admitir que a loucura parece andar muito próxima dessas mentes maravilhosas.
Obviamente, essas ideias brilhantes são fruto de pessoas que não aceitam o senso comum como resposta para as coisas da vida. O mistério permanecerá, onde começa a genialidade e termina a loucura?
3 comentários:
Excelente BLOG, Adriana Guedes. Obrigado pelo convite, tentarei acompanhá-la com freqüência.
Ao longo dos meus estudos nas artes plásticas (não que esse estudo tenha começado com esse título, isso é uma outra longa discussão) e de outras personalidades que acompanho por literatura ou pela convivência, percebo que o limite entre o genial e a loucura está na aceitação de outros indivíduos. Isso não quer dizer que algo não aceito não seja genial não minha opinião. A rejeição pelo primeiro contato com algo que está fora do padrão daquele ambiente, e depois, se por algum proveito, se torna parte por todos de alguma maneira, como se sempre tivessem essa consciência sobre o assunto em questão.
Se olharmos com frieza, deixando todo nosso senso "extra-animal" que o homem se coloca, perceberemos que, para que algo novo seja considerado correto, primeiro precisa ter sido realizado. Muitas vezes, coisas que são consideradas bizarras em algumas situações, dependendo de como são colocadas, são aceitas de forma incontestáveis, mesmo que dependa da vida de milhões.
Portanto, no final, o que importa não é se fez o bem ou o mal a alguém ou a algo, ou se falaram bem ou mal sobre isso. Se falaram bem, é usado como exemplo positivo para ser imitado e se falaram mal, é um exemplo negativo do que deveria ser evitado. De qualquer maneira, vale a experiência, e essa aceitação pode mudar conforme alguma outra maneira de colocar o mesmo assunto em questão.
Ah! Elias!
Voce é um cara diferente de tão inteligente. A forma como voce vê o mundo é criativa, sem regras, e é por isso que voce pode expressar um trabalho visual interessante, que causa o despertar de coisas novas nas pessoas. De mesmice...tá jô por aquiiii meu velho. Sucesso, pois seu sucesso é o meu também.
Valeu....venha sempre, estarei te esperando.
Drica
Postar um comentário